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terça-feira, 9 de setembro de 2008

O "fim" do jornalismo impresso

Por Vilson Antonio Romero em 9/9/2008

Os arautos do apocalipse vaticinam que os jornais desaparecerão em menos de duas décadas. Este tradicional meio de comunicação, com mais de dois séculos de história, enfrenta a sua "travessia do Rubicão". Tem de se renovar celeremente, mudando o foco para superar os obstáculos e até a incapacidade inequívoca de competir em velocidade, agilidade e instantaneidade com o rádio, a TV e as mídias eletrônicas surgidas com a explosão da world wide web, a famigerada e onipresente internet.
Os jovens, por mais cativados que sejam pelos veículos impressos, lhes voltam as costas, em sua maioria, com os olhos fixos nas telas dos desktops, notebooks e palmtops espalhados a mancheias pelo planeta.
As novas tecnologias que permitem ler, folhar, copiar e imprimir os jornais a partir das telas do computador são atrativos do contato direto ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, afastam os leitores das bancas na aquisição do mix de papel, tinta e cores.
Mas por enquanto, cá neste país tropical, a profecia não se concretizou: os levantamentos de circulação e publicidade mostram um processo, inclusive, de recuperação dos jornais. O Instituto de Verificador de Circulação (IVC) tem bons números: a média diária dos 103 jornais filiados ao IVC cresceu 8,1%, comparados à média do primeiro semestre de 2007. Os jornais passaram a vender 4,39 milhões de exemplares por dia, quando um ano atrás vendiam 4,06 milhões de unidades diárias.
Mudanças radicais e transformadoras
No que tange ao faturamento, a participação dos jornais no bolo publicitário no primeiro semestre deste ano chegou a 17,2%, representando incremento de 19,8% na receita, em comparação ao mesmo período do ano passado. Os jornais do país faturaram R$ 1,65 bilhão com publicidade, segundo o grupo Meio & Mensagem.
Inúmeras estratégias têm sido elencadas como alternativas ao avanço vertiginoso da mídia eletrônica para manter viva e presente a atratividade do meio impresso de notícias: a cativação infantil, o foco na comunidade, a modernização da linguagem e a disponibilidade de canais eletrônicos que valorizem a marca e a instituição.
Mas, apesar de tudo, se constata que, inexoravelmente, os jornais devem se adequar à era digital. De novo, os oráculos: "em 2015, boa parte dos jornais já terá migrado para a internet". E, em três décadas, apesar de não sumir, "somente serão consumidos e manuseados por saudosistas segmentos especializados, deixando de ser um meio de comunicação social de massa".
Como avaliou Rosental Alves, diretor do Knight Center for Journalism in the Americas, da Universidade do Texas, no recente Congresso Nacional de Jornais: "Não são tempos de simples evolução tecnológica, mas de mudanças radicais e transformadoras, comparáveis à invenção da imprensa e da revolução industrial." Segundo ele, a sociedade industrializada está sendo substituída pela sociedade da informação, na qual a internet é apenas a ponta de um enorme iceberg, o primeiro indício de uma grande revolução digital. Neste novo cenário "é preciso reconstruir o jornal para a era digital, pois os modelos de negócios atuais já estão obsoletos". Quem viver, verá.

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