Frente a um cenário mundial caracterizado pela emergência de conflitos políticos, étnicos e religiosos, a diversidade de idéias e a tolerância entre os povos constituem medidas eficazes para recriar um mundo mais justo e pacífico, disse o Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, na abertura da 6. Conferência Mídia, Religião e Cultura, acolhida pela Universidade Metodista de São Paulo, de 11 a 14 de agosto.
ALCquarta-feira, 13 de agosto de 2008
“Devemos nos comunicar uns com os outros, pois sem o diálogo entre as pessoas nada se constrói”, enfatizou Esquivel aos representantes de 26 nações e de mais de 80 instituições de ensino reunidos na conferência internacional de São Paulo para debater e apresentar trabalhos científicos relacionados à religião, mídia, cultura e paz.Ativista de Direitos Humanos e fundador do Jornal Justiça, Pérez Esquivel recordou que falar de paz no mundo de hoje é falar das religiões e do lugar da mídia e da tecnologia. Esses elementos, afirmou, podem tanto favorecer a construção de um cenário de paz quanto contribuir para a sua falência. Insistindo na necessidade de uma compreensão de todas as religiões globais, o palestrante argumentou que Deus é de todos e não apenas de um único povo. “Devemos compartilhar informações e aprender através das diferentes vertentes religiosas”, destacou.Na avaliação do arquiteto e professor argentino, os meios de comunicação desempenham papel central para a disseminação de idéias e opiniões, sendo preciso democratizá-los. “O reconhecimento de outras culturas, gêneros, formas de pensamento e religiões é de suma importância na garantia dos direitos dos povos e a construção de democracia”, sentenciou.Ao falar para jornalistas em coletiva de imprensa antes do início do evento, Pérez Esquivel disse que os profissionais da área da comunicação têm o poder do texto. “Com uma única palavra podemos amar e também destruir. A palavra tem a força de uma arma”, argumentou.O militante dos Direitos Humanos mencionou ainda as inúmeras possibilidades de aproximação de pessoas e povos que o advento da internet possibilitou, além do ilimitado acesso para a veiculação e recepção de informações e mensagens. Ressaltou, contudo, que o tempo das máquinas está se tornando também o tempo da cotidianidade, fazendo da “correria dos dias atuais um fator de perda da identidade e da visão do mundo das pessoas”.A 6. Conferência Mídia, Religião e Cultura conta com o apoio da Cátedra Unesco de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) e da Associação para a Comunicação Cristã (Wacc, a sigla em inglês) da América Latina.Segundo o organizador internacional da conferência, professor Stewart Hoover, as discussões em torno da religião representam um dos assuntos mais importantes do século 21. “A maneira como nós temos pensado a religião no passado não costuma incluir a mídia. Hoje, devemos estudar o papel da mídia na religião e a religião na mídia”, afirmou.A conferência de São Paulo, focada em temas relacionados à sociedade multicultural e multirreligiosa, foi precedida pela conferência Mídia, Religião e Cultura, reunida na cidade de Signtuna, na Suécia, em 2006. A primeira conferência deste tipo foi realizada em Upsala, na Suécia, em 1993.
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