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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Igreja verde

Teólogos reunidos em Belém elaboram agenda ambiental cristã durante o III Fórum Mundial de Teologia e Libertação.
Reunidos na capital paraense desde a semana passada, teólogos de várias partes do mundo e representando diferentes correntes cristãs encerraram a terceira edição do Fórum Mundial de Teologia e Libertação (FMTL). Este ano, o evento foi realizado em Belém, cidade que abriga, a partir desta terça-feira, o Fórum Social Mundial. Um dos resultados do encontro de religiosos foi a formulação de uma agenda verde para a Igreja Cristã, com abordagens objetivas acerca da urgência da incorporação dos temas ambientais no pensamento teológico global.

“O hinduísmo tem lidado há milênios com as mesmas categorias, considerando os aspectos éticos da compreensão holística de nosso papel no mundo”, afirmou o teólogo indiano Felix Wilfred, apontando para a ironia de que outras religiões e até as esferas seculares estão mais adiantados que a cristandade em termos de engajamento nas questões ecológicas. Ele reconhece que os cuidados com o meio ambiente costumam ser soterrados sob a tradição e o sectarismo. Já Mercy Odudoye, de Gana, destacou o aspecto da unidade visível da Criação de Deus. “A Terra e as pessoas são fruto do mesmo ato criador do Senhor. A vida é forte e frágil ao mesmo tempo, tanto para a natureza como para as pessoas”, afirmou.

Responsável no Conselho Mundial de Igrejas (CMI) pelo programa que lida com o tema da mudança climática, o teólogo uruguaio Guillermo Kerber apresentou uma análise sistemática da questão a partir da centralidade da justiça na Bíblia. De acordo com o estudioso, as mudanças provocadas pelo aquecimento global trazem em seu bojo delicadas implicações econômicas e sociais. Referindo-se ao que chamou de “refugiados climáticos”, Kerber advogou a adoção de políticas compensatórias para esse segmento. “O ‘kairós’ dos refugiados climáticos pode ser resumido no seu direito à justiça e à reparação”, enfatizou.

O III FMTL foi encerrado com um ato religioso baseado nos elementos terra, fogo, água e ar. Contudo, a programação vai se desdobrar durante o Fórum Social Mundial através de uma oficina na Tenda da Coalizão Ecumênica, que avalia a caminhada do FMTL desde 2005.

Fonte: Cristianismo Hoje

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Obama reafirma apoio ao aborto enquanto milhares protestam em Washington


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu nesta quinta-feira o direito das mulheres de praticarem o aborto. A declaração foi feita em comentário escrito sobre o 36° aniversário da decisão da Suprema Corte sobre o caso “Roe versus Wade”, que estabeleceu o entendimento de que o aborto é legal em todo o país.

“A decisão de 1973 não somente protege a liberdade e a saúde das mulheres, mas representa um princípio mais amplo: que o Governo não deve se intrometer em assuntos familiares mais íntimos”, disse Obama, defendendo ainda que todos precisam trabalhar para evitar a gravidez indesejada, reduzir a necessidade de abortos, e apoiar as mulheres e as famílias nas escolhas que fizerem.

As declarações foram divulgadas enquanto dezenas de milhares de opositores ao aborto realizavam um protesto em Washington contra a legalidade da prática. A manifestação, que acontece uma vez por ano desde 1974, incluiu uma marcha até a Suprema Corte para exigir que Obama “impeça a morte intencional” dos que ainda não nasceram.

“Queremos que Obama seja um defensor dos direitos humanos, dos quais o mais fundamental é defender a vida dos inocentes, dos que não nasceram”, disse Julio Hurtado, um manifestante colombiano. Muitos participantes do protesto disseram que o apoio de Obama ao aborto aumentou a necessidade de tornarem a mensagem deles mais visível.

Mudança

Obama venceu a corrida presidencial com um forte apoio das mulheres, e defendeu durante a campanha o direito de decidir sobre sua própria gravidez, o que causou a repulsa dos ativistas contra o aborto.

O ex-presidente George W. Bush regularmente manifestou apoio aos manifestantes na marcha anual. Em uma gravação endereçada aos manifestantes, no ano passado, ele disse que a biologia confirma que desde o início, cada feto é uma pessoa com seu próprio código genético.

Grupos como a Organização Nacional da Mulher (NOW, em inglês) também realizaram nesta quinta-feira atos de pressão para que Obama reverta as restrições ao envio de fundos americanos a organizações de planejamento familiar no exterior que “realizam ou promovem” o aborto.

A opinião pública americana sobre o aborto tem sido bastante estável nas últimas décadas, com pesquisas mostrando uma escassa maioria a favor do procedimento em todos ou na maioria dos casos. A questão continua entre as mais polêmicas entre os americanos.

Fonte: Folha Online

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Líder messiânico descreve a guerra no Oriente Médio em carta


PALESTINA (42º) - Leia Trechos de um e-mail enviado por um líder judeu messiânico em Israel.

7 de janeiro de 2009

“Os acontecimentos de ontem foram marcados por horríveis perdas de vidas de civis, quando a escola da ONU foi atacada por tanques de Israel. Mais de 40 não-combatentes, incluindo crianças, morreram. Muitos ficaram feridos ao se abrigarem na escola. Fontes militares justificaram o bombardeio, alegando que combatentes do Hamas usavam o prédio como local de ataque, e os civis abrigados lá como escudos humanos. Como esse tipo de estratégia tem sido evidente no conflito até agora, a alegação provavelmente é verdadeira. Entretanto, por favor, não cometa o erro de “entender” essa deplorável tragédia como insignificante ou, ainda pior, justificável. Tomar tal posição nos levará rapidamente a ver a população palestina como inimiga, algo menos que humanos. Esse processo é chamado desumanização e sabotará nossa eficiência na oração. Ore “como pastor” e implore por misericórdia e pelo rápido fim dessa situação terrível.

Agradecemos a Deus pela oração respondida: o governo tomou ontem à noite a decisão de abrir hoje um corredor de segurança a partir de Israel, permitindo a passagem de ajuda humanitária para a população em geral. Ore também pela segurança de muitos voluntários estrangeiros que estão fazendo o seu melhor para servir na zona de guerra.

12 de janeiro de 2009

Nosso shabbat foi interessante: sentimo-nos obrigados a trocar todos os cânticos de adoração por oração intercessória, acompanhada de leituras dos salmos hallel 111 e 115. Separamo-nos em grupos, conforme o idioma falado, e baseamos aquele tempo de oração em uma expressão de arrependimento por nosso papel como nação, pelo derramamento de sangue na Terra.

Intercedemos pela população do sul de Israel e de Gaza e pela preservação de vidas inocentes. Oramos por nossos jovens servindo no campo de batalha e pelos reservistas em espera. Acabamos de saber que, na noite passada, reservistas foram chamados para o campo, pois os conflitos se aproximam do centro da cidade de Gaza, e a pressão aumenta.

Demos graças pela reposta da oração feita pela fronteira do norte. Parece que, nas últimas semanas, os bombardeios vieram de um grupo isolado. É evidente que não é do interesse político do Hezbollah atacar Israel neste ponto. Ore para que isso permaneça assim.

Evan Thomas

Líder da Igreja Messiânica em Netanya

Tradução: Deborah Stafussi

Missão Portas Abertas

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Salvo pela Bíblia

Livro amortece tiro disparado contra o peito de cabeleireiro no Espírito Santo.
Muitos cristãos costumam dizer que o conhecimento da Palavra de Deus transformou suas vidas. Mas poucos viveram a experiência de um cabeleireiro que vive em Jacaraípe (ES) – sua vida foi literalmente salva pela Bíblia. Identificado apenas como N.G.C., o profissional, que prefere o anonimato por temer uma nova ação dos criminosos, foi alvejado por quatro tiros, sendo um deles na altura do coração. Ele só não foi mortalmente ferido porque a bala ficou encravada entre as páginas de uma pequena Bíblia que ele levava num bolso da camisa, junto ao peito. Outro projétil teve o curso desviado pela capa dura do livro e apenas atingiu de raspão sua cabeça.

Segundo a vítima, o crime não se caracterizou como um assalto. “Eu estava com R$ 800,00 na carteira, relógio de pulso e outros objetos. Os bandidos não pediram nada. Já chegaram querendo me matar mesmo”, disse o cabeleireiro. Ele disse que saiu de casa no início da noite para conversar com um sobrinho numa igreja nas imediações. Como não encontrou o rapaz, voltou para casa. “Quando retornava, percebi que estava sendo seguido por outro carro, um Gol branco”, conta a vítima. N. foi abordado por um dos homens, de arma na mão, quando guardava seu carro na garagem. “Fui em sua direção para tentar impedir que atirasse, mas ele disparou”. Segundo a vítima, o tiro contra o peito, que foi amortecido pela Bíblia, foi disparado quando ele já tinha caído ao chão.

A bala parou entre as páginas do Antigo Testamento. “É uma coisa para se pensar bastante a respeito”, disse o cabeleireiro, que afirmou ser muito religioso. “Esta é a segunda vez que a Bíblia me salva. A primeira foi quando eu conheci a Palavra. Agora, acontece isso”, disse. Ele não tem suspeitos em relação à autoria da tentativa de homicídio, mas admitiu à polícia que está em processo de separação litigiosa. O caso será investigado pela Delegacia de Jacaraípe.

(Com reportagens do G1 e da Gazeta Online)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Ano Novo, desafios novos para a Igreja perseguida

Um grupo Cristão que serve a igreja perseguida no mundo inteiro dá graças a Deus pelas respostas às orações, à medida que se preparam para um exigente ano de 2009.

Como parte da sua campanha de oração 7×7, a Release International e os seus apoiantes têm-se focado ao longo dos últimos sete anos em orações pela China, Indonésia, Coreia do Norte, Paquistão, Sudão e Vietname, todos eles países que restringem o direito de culto livre aos Cristãos.

A Release disse que na China o estado continua a vigiar de perto igrejas oficiais, apesar da constituição prever a liberdade religiosa. Os Cristãos que escolhem tornar-se membros de igrejas não registadas (clandestinas) estão ainda em risco de prisão e, por vezes, tortura, revelou a Release International.

No entanto, apesar das restrições a Release diz que a igreja, e especialmente as igrejas não registadas, continua a crescer na China e que alguns Cristãos detidos pelo seu testemunho activo de Cristo foram libertados mais cedo do que previsto. Por exemplo, Zhou Heng, que tinha pela frente até quinze anos de prisão por posse de Bíblias ilegalmente publicadas, foi libertado em Fevereiro de 2008 depois de seis meses atrás das grades.

A Release International também viu respostas às oraçãos no seu trabalho de apoio aos refugiados da Coreia do Norte, através da organização em parceria com a Helping Hands Korea. Quando o colaborador da Helping Hands e ex-refugiado Norte-coreano, Yoo Sang-Joon, foi preso pelas autoridades Chinesas em Agosto de 2007 por ter auxiliado refugiados Norte-coreanos na China, a Release instou os seus apoiantes a orarem para que Yoo não fosse repatriado à força para a Coreia do Norte, onde possivelmente enfrentaria a prisão, tortura ou mesmo execução sumária. Yoo acabou por ser repatriado para a sua pátria adoptiva – Coreia do Sul – da qual também é cidadão.

Várias organizações de direitos humanos têm recebido relatos de que o isolado país comunista envia famílias inteiras de Cristãos para campos prisionais e executa pessoas que possuam uma Bíblia. A Release apelou à igreja de todo o mundo que continuasse a orar pelos Cristãos que estão a prestar auxílio na China a refugiados Norte-coreanos.

No Paquistão, onde o Islão é a religião oficial do estado e o proselitismo entre os Muçulmanos é proibido, a Release comemorou a libertação de um Cristão que tinha sido preso sob acusações de blasfémia, após o seu acusador ter alterado a sua versão inicial.

Após a sua libertação em Novembro último, o Dr. Robin Sardar disse: “Agradeço a todas as pessoas que oraram por mim. Eu permaneci na prisão silenciosamente, lendo a Bíblia e orando a Deus. ”

A Release International apelou aos Cristãos para orar pelo Dr. Sardar, que anda escondido, juntamente com a sua família, devido a ameaças de morte da parte de extremistas. O grupo também pediu aos Cristãos para orar pelos seus parceiros no Paquistão: o Ministério Sharing Life Pakistan e a CLAAS, cujos membros foram atacados em várias ocasiões.

“Para muitos de nós o Ano Novo traz uma esperança renovada e oferece a possibilidade de concretizar sonhos e planos”, disse o líder da Release International, Andy Dipper.

“Mas para os pastores e outros Cristãos aprisionados devido à sua fé, 2009 pode simplesmente significar mais prisão, trabalho duro, solidão, espancamentos e abusos da parte daqueles que os perseguem por causa da fé em Jesus Cristo.”

O Sr. Dipper confessou ter a esperança de que os testemunhos de orações respondidas encorajem os Cristãos a continuarem a orar em favor da Release, dos seus parceiros e dos Cristãos perseguidos.

“A oração faz uma grande diferença e é uma peça chave no nosso ministério”, disse ele.

O Sr. Dipper pediu aos Cristãos para considerarem a criação de um grupo de oração que ore regularmente e especificamente pelas necessidades dos Cristãos perseguidos.

Fonte: Christian Today Portugal e Gospel+

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Manifesto defende missionários em campos indígenas

Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB) lança manifesto respondendo às principais críticas feitas à evangelização indígena.
Três recorrentes questionamentos são feitos com relação à presença missionária evangélica entre os povos indígenas do Brasil. O primeiro é de que tal presença destrói a cultura dos índios, o segundo acusa os missionários de utilizarem o trabalho social como fachada para a evangelização e, o terceiro, aponta a presença missionária em área indígena como ilegal.

Foi para responder a tais acusações que a Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB) lançou, na última semana, seu manifesto oficial.

O manifesto começa com um resumo da situação atual dos índios no Brasil. Ressalta o quanto o universo indígena é heterogêneo, sendo formado por uma grande diversidade cultural e lingüística. “A realidade de um grupo indígena não é a realidade de todos, bem como sua jornada”, explica o relatório. “O universo indígena é formado tanto pelos índios citadinos semi integrados ao ambiente não indígena, quanto pelos índios da floresta que desejam manter distância, e por um leque enorme de categorias entre estes dois pontos”, completa.

Seu relatório segue com a demonstração de como a cultura humana é dinâmica provocando e sofrendo processos de mudanças. Seja por motivações internas ou a partir de trocas interculturais, “cabe ao próprio grupo refletir sobre sua organização social, tabus e crenças. Cabe também ao próprio grupo promover, ou não, ajustes sociais que julguem de benefício humano”, ressalta a AMTB.

O antropólogo Rouanet também é citado no manifesto, bem como sua visão de que “a cultura humana não é o destino do homem e sim seu meio de liberdade”. Dessa maneira, “é também respeito cultural conceber ao indígena o direito de realizar escolhas, voluntárias e desejadas, dentro de seu próprio bojo pessoal e social”, afirma o relatório da AMTB.

Em outras palavras, toda e qualquer sociedade e cultura está em constante transformação e exposta a diversas influências e, a cultura indígena, não é exceção. Sendo que a influência religiosa, e, no caso, das missões evangélicas, trata-se de apenas mais uma entre tantas, não sendo nem mesmo a principal. Assim, ela não deve ser condenada desde que esteja ocorrendo de forma aceitável, isto é, sem imposição.

O manifesto ressalta como toda “imposição é nociva e desrespeitosa” e “nenhum elemento deve ser imposto a uma sociedade, seja indígena ou não indígena, sob nenhum pressuposto”.

Assim, “as motivações missionárias evangélicas para o relacionamento com as sociedades indígenas devem ser igualmente respeitadas. Motivação religiosa não deve ser confundida com imposição religiosa”, observa a AMTB.

Catequização X Evangelização - Tal confusão é feita com freqüência pela sociedade e órgãos responsáveis. O manifesto aponta o quanto há grave diferença entre a catequese e a evangelização.

A evangelização difere-se da catequese em relação ao conteúdo, abordagem e comunicação. O conteúdo da catequese é a Igreja, com seus símbolos, estrutura e práticas, sua eclesiologia. O conteúdo da evangelização é o evangelho, os valores cristãos centrados em Jesus Cristo. A abordagem da catequese é impositiva e coercitiva. A abordagem da evangelização é dialógica e expositiva. A catequese se comunica a partir dos códigos do transmissor, sua língua e seus costumes importando e enraizando valores. A evangelização se dá com a utilização dos códigos do receptor, sua língua, cultura e ambiente, respeitando os valores locais e contextualizando a mensagem.

Bráulia Ribeiro, missionária e ex-presidente da Jocum (agência missionária Jovens com Uma Missão), em entrevista para o CRISTIANISMO HOJE (confira a entrevista), observou que “o trabalho considerado `religioso´ só acontece em populações aculturadas e a pedido destas mesmas populações. Não existe, pelo menos de nossa parte, uma `catequese´ sistemática. Tudo acontece no contexto de relacionamento”.

A diferenciação entre catequese e evangelização torna-se essencial visto que sua não clareza é fonte para diversas criticas às missões indígenas evangélicas. Além disso, o histórico das relações catequistas no passado entre colonizadores e índios, também geram controvérsia em relação às influências para as culturas indígenas.

O manifesto afirma que a postura antropológica brasileira, não intervencionista, é, em grande parte, “influenciada também pela culpa coletiva pelo passado, pela forma desastrosa como os indígenas foram julgados e condenados”, o que é compreensível. Porém, a AMTB também atenta para o fato de que “postura semelhante se viu na Alemanha pós-nazista que, de uma xenofobia causticante, se extremou por algum tempo nos caminhos de uma tolerância radical ao diferente, qualquer diferente, mesmo o nocivo socialmente”.

“O mito da tolerância cultural absoluta nos tirou a capacidade de perceber os seres humanos por trás da coletividade indígena”, afirma Bráulia. Assim, o manifesto defende a idéia de que as chamadas mudanças culturais, em lugar de causar rápida rejeição, devem ser observadas de forma mais íntegra, ou seja, se tais mudanças são voluntárias e desejadas.

“O machismo, na América Latina, embora seja cultural, é atacado e limitado por políticas públicas que vêem neste elemento cultural um dano ao próprio homem e sociedade. O jeitinho brasileiro, que patrocina a corrupção e tolerância de pequenos delitos, apesar de ser resultante de elementos também culturais não deixa de ser compreendido como nocivo ao homem. Como tal não é aceito pela sociedade como desculpa para a continuidade de práticas danosas à vida. O mesmo poderíamos falar a respeito do racismo. Nestes três casos a universalidade ética é evocada e aceita de forma geral pela sociedade e os direitos humanos são reconhecidos. Por que não no caso de elementos culturais nocivos à vida, como o infanticídio e conflitos étnicos, em contexto indígena?”, questiona a AMTB.

Missionários e a conservação da cultura indígena - Aryon Rodrigues, autor de Línguas indígenas — 500 anos de descobertas e perdas, estima que, na época da conquista, eram faladas 1.273 línguas, ou seja, perdemos 85% de nossa diversidade lingüística em 500 anos. “Precisamos perceber que a perda lingüística está associada a perdas culturais complexas, como a transmissão do conhecimento, formas artísticas, tradições orais, perspectivas ontológicas e cosmológicas”, observa o relatório. Aqui, mais uma vez compreendemos o “medo histórico” da influência na cultura dos índios.

“Mas, em uma observação imparcial, destituída de pressupostos discriminatórios quanto à evangelização, perceberíamos que diversas sociedades indígenas que mantém um relacionamento mais próximo com missionários evangélicos valorizam mais sua própria cultura e língua do que no passado”, observa o manifesto.

O que é justificável se considerarmos que “muitas línguas teriam desaparecido se não houvesse o trabalho lingüístico feito pelos missionários. No esforço para alfabetizar e traduzir a Bíblia, é preciso fazer a análise lingüística e a descrição gramatical dos idiomas nativos. Então, essas línguas são estudadas profundamente”, como afirma o pastor Edward Gomes da Luz, presidente da MNTB (Missão Novas Tribos do Brasil).

“Nenhum lingüista de qualquer universidade se aprofunda tanto nesse trabalho quanto os missionários cristãos. Finalmente, vem a tradução da Bíblia, a escrita de histórias pela própria comunidade, os mitos etc. Com isso, acontece o registro dos códigos daquela língua – e efetivamente, a sua perenização”, completa Edward Gomes, também em entrevista ao CRISTIANISMO HOJE (confira a entrevista).

O pastor completa que “a língua é a expressão da alma, da cultura de um povo, e evidentemente é preciso conhecer profundamente a cultura também'. Além disso, 'é sabido que a lingüística e a antropologia têm o seu berço nos relatos dos missionários. Provavelmente, o último símbolo lingüístico descoberto, a `glotal sonora´, foi descrito por um missionário chamado Valteir, que trabalhou com o povo dow do Amazonas”, exemplifica Edward.

Segundo a AMTB, muitas línguas com risco de extinção ou experimentando épocas de desvalorização junto ao próprio grupo foram e são alvo de projetos lingüísticos que tendem grafá-las, produzir cartilhas de alfabetização, fomentar o seu uso e garantir sua existência para a próxima geração. O manifesto mostra como os lingüísticos evangélicos atuam na produção de material de relevância para a preservação lingüística e seu uso em meio ao próprio povo em cerca de 80 idiomas no momento. 'Trabalho este nem sempre reconhecido pelo segmento acadêmico, por discriminação religiosa e pela intenção de tradução da Bíblia para tais línguas”, lamenta o relatório.

Presença missionária ilegal?- O manifesto da AMTB afirma ter seguido as orientações da IN 2 expedida pela presidência da FUNAI em 1994, ao ingressar com pedido, em tempo hábil, de celebração de convênios. No entanto, “esse órgão, aparentemente, não deu o devido valor à própria legislação que expediu”, conforme afirma o relatório, já que até hoje as agências missionárias não obtiveram resposta quanto a este processo.

Os missionários, porém, receberam abaixo-assinados de várias comunidades indígenas solicitando sua permanência nas aldeias. “Portanto, se nenhum missionário está em área indígena portando documento de permissão de ingresso emitido pela FUNAI-Brasília, possui a documentação mais importante de todo o processo de concessão de entrada nas áreas indígenas: a permissão dos próprios indígenas”, afirma a AMTB em seu relátório.

“Além do mais, no geral, as atividades missionárias são desenvolvidas em harmonia com as diversas ADRs [Agência de Desenvolvimento Regional] ao redor do país. Em outras palavras, os missionários não estão ilegais nas aldeias, embora não estejam regulamentados pelo órgão oficial responsável pela política indígena do Brasil”, completa o manifesto.

Edward Gomes da Luz observa que “infelizmente, existe uma discriminação contra os missionários, e sempre somos vistos como maléficos e prejudiciais aos índios. É este conceito que tem influenciado as decisões dos juízes – e não os fatos, a verdade”.

Projetos sociais - “Quando fizemos o contato com os zo’é, eles estavam sendo dizimados por malária Falciparum, endêmica na região. Com um tratamento intenso, conseguimos reverter o quadro e a população passou a crescer 10% ao ano. Se não tivéssemos feito o contato, eles teriam desaparecido em pouco tempo”, observa o presidente da MNTB.

Baseado em exemplos como este, o manifesto da AMTB afirma estar certo de que “as centenas de ações sociais, sobretudo nas áreas de saúde, educação e valorização cultural, coordenadas por missionários evangélicos têm contribuído, e muito, para o aumento populacional e melhor qualidade de vida entre as etnias indígenas em nosso país”.

Segundo o relatório, “há dezenas de casos, como os Dâw, Wai-Wai, Nadëb e tantos outros que passaram por um verdadeiro ciclo de crescimento populacional, restauração da valorização da cultura e língua e melhoria de qualidade de vida através de projetos missionários durante décadas em seu meio”.

Em 2007 as agências missionárias evangélicas promoveram mais de 50.000 atendimentos médicos e odontológicos entre as populações indígenas em nosso país através de agentes de saúde permanentes ou clínicas móveis em terra indígena.

“Atualmente a Igreja evangélica tem repensado cada vez mais o seu papel como agente de transformação Social. Numa visão de evangelho integral, iniciativa e projetos surgem a cada dia, é natural que tais iniciativas contemplem também os povos indígenas”, observa o manifesto.

O relatório também lamenta que a linha de isolamento da política indigenista seja uma barreira para que recursos humanos, materiais e de tecnologia social, oriundos dos segmentos evangélicos possam chegar aos indígenas que, como seres humanos e brasileiros têm direitos e necessidades.
Fonte: Cristianismo Hoje/Brasil

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Igrejas pedem fim da violência na Faixa de Gaza

O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) condenou nesta segunda-feira "a violência registrada na Faixa de Gaza", pediu que a mesma seja interrompida e que os civis em risco sejam protegidos nos dois lados da fronteira. Relatório da ONU aponta mortes de diversos inocentes.

O secretário-geral do CMI, Samuel Kobia, reivindicou que os ataques "cessem imediatamente", após afirmar que as mortes e o sofrimento destes três últimos dias "não alcançarão nada além de mais dor e mortes". Lembrou que esta ofensiva armada já causou "mais de 300 mortos, mais de 1 mil feridos e milhares de pessoas traumatizadas".

A organização reiterou um apelo anterior que fez ao Governo de Israel e ao Hamas, que administra o poder no território palestino de Gaza, para que respeitem os direitos humanos. Alertou que o provável uso por Israel de suas forças terrestres levaria apenas a "aprofundar o desastre atual".

O CMI criticou as políticas que se baseiam em cortar o fornecimento de alimentos, remédios e combustíveis para o 1,5 milhão de habitantes de Gaza, em referência às medidas israelenses dos últimos meses. Além disso, criticou o Hamas pelo lançamento indiscriminado de foguetes contra localidades de Israel.

Kobia expressou sua esperança de que o novo ano dê "nova coragem, liderança e compromisso ao difícil trabalho da paz no Oriente Médio".

Fonte: Folha Gospel

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